domingo, 25 de outubro de 2009

Através de fartos bigodes crescidos durante a sesta vejo uma aldeia lacustre onde dezenas de pessoas sentadas em cadeiras de plástico amarelas à volta de mesas de plástico amarelas esvaziam skols em alegre algazarra, cabeças e barrigas à tona da água. Mais próximo das vagas, discretos como jacarés esperando a presa, dois filósofos traçam o futuro próximo. Tudo vai com o meu adidas amarelo, homenagem à indústria brasileira e ao yellow speedo of my cousin Michel.

Ver o mundo através de um farto bigode emprestado a Nietzsche, acção: um tubo de cola, um fio e uma mecha de cabelo cortada ao parceiro e lançar-se num futebol filosófico acalantando e abusando sem freio as nossas figuras de estilo, deboche de best of até que o descaramento nos desembarace para vir assim ligeiros roubar no prato do vizinho. Servir-se.

Marcar o espaço assimetricamente, excluindo uns. Abolir a perspectiva. Cerrar os espectadores-alunos à volta dos dançarinos-alunos e deixar que cada um não se dirija que a cada um. A direcção é incerta. Dançar sob o nariz de todos, torcer-lhe os olhos. Que um observador designado tire uma carta, anjo ou demónio, dando depois azo à sua costela diabólica ou angélica, criticando, louvando ou cuspindo, uma sessão de trabalho. Renovar a tradição do bufão.

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