quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Refletindo sobre o processo de desenvolvimento da primeira semana do workshop, nós imaginamos que seria interessante trabalhar cotidianamente sobre o olhar de uma terceira pessoa, um olhar exterior, que nos re-enviaria uma imagem daquilo que está em jogo a cada sessão.

A cada dia, um observador voluntário teria que pensar o modo de relação que ele desejaria ter com o grupo. O processo de trabalho incluía ao fim da sessão o “feedback” ou “playback” da totalidade daquilo que foi observado.

Neste laboratório, várias questões nos guiaram, tais como “o que é a presença em cena, e onde se situa o espetáculo?”, “inscrever um corpo em uma paisagem está na base da dança, como ele se inscreve?” e ainda “pode ser que a espacialidade seja a projeção da extensão do aparelho psíquico...”

Através de uma prática cotidiana, nós buscamos encarnar estas questões.
Em seguida de um exercício onde todos juntos deveríamos, em silêncio, fabricar um espaço, uma “cenografia” para acolher o “feedback” do dia, nós pensamos que seria importante introduzir o trabalho de Yvonne Rainer sobre o gesto cotidiano, sua relação à “produção de imagens de formas vivas”, isto levantou a questão da democracia na representação improvisada.

Nós devemos adicionar que uma das questões principais que nós ativamos neste workshop é a questão da relação, da relação a si, ao Outro, e aos outros, atentos a idéia de afinação. Segue um trecho de “The Mind is a Muscle” de Catherine Wood sobre o trabalho de Yvonne Rainer:

“A questão da democracia é geralmente figurada no seu trabalho em dois níveis: um, em termos de uma noção fielmente literal de como o trabalho envolve a participação de grupo, criando quadros de relações igualitárias entre corpos performando tarefas que desafiam qualquer forma de organização hierárquica; e em outro em que o objeto de arte está posicionado como um contingente ponto de negociação, em vez de uma entidade transcendente ou fixa.“


Texto publicado por After All na série One Work, com tradução (não oficial) de João Costa Lima

Johann Maheut

Nenhum comentário:

Postar um comentário